Aborto de Repetição

O que é?

Considera-se aborto de repetição ou habitual a ocorrência de pelo menos duas perdas gestacionais consecutivas, em gestações diagnosticadas por ultrassonografia ou exame anátomo-patológico. Quando a causa da perda for desconhecida, cada perda gestacional merece uma revisão cuidadosa para determinar se uma avaliação específica pode estar indicada. Após três ou mais perdas, uma investigação completa é necessária. Até 3% dos casais férteis podem apresentar aborto de repetição. Os fatores de risco mais importantes são a idade materna avançada e o número de abortos anteriores.

Causas

Genéticas – as alterações nos cromossomas do feto são as mais comuns entre os casos de abortos precoces. Os tipos mais comuns de alterações cromossômicas são as trissomias, como por exemplo a trissomia do cromossoma 21 (Síndrome de Down), que é fortemente influenciada pela idade materna.

Anatômicas – as malformações uterinas, os miomas, os pólipos e as cicatrizes uterinas podem levar à perdas gestacionais por causar alterações da vascularização do útero ou distorção da cavidade uterina. A incompetência cervical compreende aqueles casos de aborto mais tardio, em que o colo dilata de forma indolor e o concepto é eliminado vivo.

Endócrinas – algumas disfunções hormonais podem se associar com abortamentos de repetição como o hipotireoidismo, a hiperprolactinemia, a síndrome dos ovários policísticos e o diabetes descontrolado.

Imunológicas – Nas causas imunológicas de abortamentos de repetição, podemos ter um quadro de aumento de auto-anticorpos no organismo que irão causar injúria do feto através de intenso processo inflamatório na placenta. Nos fatores aloimunes, ocorre uma dificuldade de reconhecimento do embrião por haver uma similaridade entre as células maternas e paternas.

Trombofilias – as trombofilias compreendem situações onde há um aumento de risco para trombose venosa ou arterial, culminando com a trombose dos vasos da placenta e o consequente abortamento do feto. As trombofilias podem ser herdadas ou adquiridas. No caso das trombofilias herdadas ou hereditárias, ocorrem alterações em alguns genes (Mutação do Fator V de Leiden (G1691A), Mutação do gene da protrombina (G20210A), Mutação da Metiltetrahidrofolato redutase (C677T), levando ao aumento no sangue de substâncias pró-coagulantes (homocisteína) ou deficiências de proteínas anticoagulantes (Deficiência das proteínas S e C e antitrombina 3). Na trombofilia adquirida, a mulher desenvolve anticorpos que levam a formação de trombos nos vasos da placenta, bem como alterações na implantação desta no útero materno (Síndrome dos anticorpos antifosfolípides – SAF).

Ambientais – hábitos de vida como consumo de álcool, tabagismo e cafeína bem como a obesidade têm efeito dose-dependente no risco de abortamentos esporádicos, porém a associação com abortos de repetição não está clara. Algumas bactérias que infeccionam o colo do útero e o útero, como a Chlamydia Trachomatis, Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum estão associadas com abortamentos esporádicos, não sendo causa comprovada de abortos habituais. Entretanto, o tratamento destas infecções está sempre indicado quando presentes. O fator masculino têm sido apontado como causa de abortamento de repetição quando o parceiro apresenta alterações nos parâmetros seminais. Neste caso, o aborto seria consequência de alterações no DNA do espermatozoide que, por sua vez, seriam decorrentes da idade paterna avançada, alterações genéticas ou exposição a agentes químicos e radiações.

Sem causa aparente - Apesar do grande número de exames disponíveis na avaliação do abortamento de repetição, em torno de 40% dos casos podem não ter uma causa diagnosticada e, ainda assim, vários deles terão uma futura gestação com êxito apenas com terapia de apoio.

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